quarta-feira, 15 de junho de 2011

CONCEITO DE PSICOLOGIA

Psicologia


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Psicologia
Letra grega 'psi'
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Psicologia (do grego Ψυχολογία, transl. psykhologuía, de ψυχή, psykhé, "psique, "alma", "mente" e λόγος, lógos, "palavra", "razão" ou "estudo") "é a ciência que estuda o comportamento (tudo o que organismo faz) e os processos mentais (experiências subjetivas inferidas através do comportamento)".[1] O principal foco da psicologia se encontra no indivíduo, em geral humano, mas o estudo do comportamento animal para fins de pesquisa e correlação, na área da psicologia comparada, também desempenha um papel importante (veja também etologia).

A psicologia científica, tratada neste artigo, não deve confundir-se com a psicologia do senso comum ou psicologia popular que é o conjunto de ideias, crenças e convicções transmitido culturalmente e que cada indivíduo possui a respeito de como as pessoas funcionam, se comportam, sentem e pensam. A psicologia usa em parte o mesmo vocabulário, que adquire assim significados diversos de acordo com o contexto em que é usado.[2] Assim, termos como "personalidade" ou "depressão" têm significados diferentes na linguagem psicológica e na linguagem quotidiana. A própria palavra "psicologia" é muitas vezes usada na linguagem comum como sinônimo de psicoterapia e, como esta, é muitas vezes confundida com a psicanálise ou mesmo a análise do comportamento.

O termo parapsicologia, ligado ao vocábulo paranormal, não se refere a um conceito ou a uma disciplina da Psicologia; trata-se de um campo de estudo não reconhecido pela comunidade científica.

Índice

[esconder]

[editar] Introdução


A psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos (psiquismo), cabe agora definir tais termos[3]:

  • Dizer que a psicologia é uma ciência significa que ela é regida pelas mesmas leis do método científico as quais regem as outras ciências: ela busca um conhecimento objetivo, baseado em fatos empíricos. Pelo seu objeto de estudo a psicologia desempenha o papel de elo entre as ciências sociais, como a sociologia e a antropologia, as ciências naturais, como a biologia, e áreas científicas mais recentes como as ciências cognitivas e as ciências da saúde.
  • Comportamento é a atividade observável (de forma interna ou externa) dos organismos na sua busca de adaptação ao meio em que vivem.
  • Dizer que o indivíduo é a unidade básica de estudo da psicologia significa dizer que, mesmo ao estudar grupos, o indivíduo permanece o centro de atenção - ao contrário, por exemplo, da sociologia, que estuda a sociedade como um conjunto.
  • Os processos mentais são a maneira como a mente humana funciona - pensar, planejar, tirar conclusões, fantasiar e sonhar. O comportamento humano não pode ser compreendido sem que se compreendam esses processos mentais, já que eles são a sua base.

Como toda a ciência, o fim da psicologia é a descrição, a explicação, a previsão e o controle do desenvolvimento do seu objeto de estudo. Como os processos mentais não podem ser observados mas apenas inferidos, torna-se o comportamento o alvo principal dessa descrição, explicação e previsão (mesmo as novas técnicas visuais da neurociência que permitem visualizar o funcionamento do cérebro não permitem a visualização dos processos mentais, mas somente de seus correlatos fisiológicos, ou seja, daquilo que acontece no organismo enquanto os processos mentais se desenrolam). Descrever o comportamento de um indivíduo significa, em primeiro lugar, o desenvolvimento de métodos de observação e análise que sejam o mais possível objetivos e em seguida a utilização desses métodos para o levantamento de dados confiáveis. A observação e a análise do comportamento podem ocorrer em diferentes níveis - desde complexos padrões de comportamento, como a personalidade, até a simples reação de uma pessoa a um sinal sonoro ou visual. A introspecção é uma forma especial de observação (ver mais abaixo o estruturalismo). A partir daquilo que foi observado o psicólogo procura explicar, esclarecer o comportamento. A psicologia parte do princípio de que o comportamento se origina de uma série de fatores distintos: variáveis orgânicas (disposição genética, metabolismo, etc.), disposicionais (temperamento, inteligência, motivação, etc.) e situacionais (influências do meios ambiente, da cultura, dos grupos de que a pessoa faz parte, etc.). As previsões em psicologia procuram expressar, com base nas explicações disponíveis, a probabilidade com que um determinado tipo de comportamento ocorrerá ou não. Com base na capacidade dessas explicações de prever o comportamento futuro se determina a também a sua validade. Controlar o comportamento significa aqui a capacidade de influenciá-lo, com base no conhecimento adquirido. Essa é parte mais prática da psicologia, que se expressa, entre outras áreas, na psicoterapia[3].

Para o psicólogo soviético A. R. Luria, um dos fundadores da neuropsicologia a psicologia do homem deve ocupar-se da análise das formas complexas de representação da realidade, que se constituíram ao longo da história da sociedade e são realizadas pelo cérebro humano, incluindo as formas subjetivas da atividade consciente sem substituí-las pelos estudo dos processos fisiológicos que lhes servem de base nem limitar-se a sua descrição exterior. Segundo esse autor, além de estabelecer as leis da sensação e percepção humana, regulação dos processos de atenção, memorização (tarefa iniciada por Wundt), na análise do pensamento lógico, formação das necessidades complexas e da personalidade, considera esses fenômenos como produto da história social (compartilhando, de certo modo com a proposição da Völkerpsychologie de Wundt (ver mais abaixo "História da Psicologia") e com as proposições de estudo simultâneo dos processos neurofisiológicos e das determinações histórico-culturais, realizadas de modo independente por seu contemporâneo Vigotsky).[4]


[editar] Breve história da psicologia



[editar] Perspectivas históricas


"A psicologia possui um longo passado, mas uma história curta".[5] Com essa frase descreveu Herrmann Ebbinghaus, um dos primeiros psicólogos experimentais, a situação da psicologia - tanto em 1908, quando ele a escreveu, como hoje: desde a Antiguidade pensadores, filósofos e teólogos de várias regiões e culturas dedicaram-se a questões relativas à natureza humana - a percepção, a consciência, a loucura. Apesar de teorias "psicológicas" fazerem parte de muitas tradições orientais, a psicologia enquanto ciência tem suas primeiras raízes nos filósofos gregos, mas só se separou da filosofia no final do século XIX.

O primeiro laboratório psicológico foi fundado pelo fisiólogo alemão Wilhelm Wundt em 1879 em Leipzig, na Alemanha. Seu interesse se havia transferido do funcionamento do corpo humano para os processos mais elementares de percepção e a velocidade dos processos mentais mais simples. O seu laboratório formou a primeira geração de psicólogos. Alunos de Wundt propagaram a nova ciência e fundaram vários laboratórios similares pela Europa e os Estados Unidos. Edward Titchener foi um importante divulgador do trabalho de Wundt nos Estados Unidos. Mas uma outra perspectiva se delineava: o médico e filósofo americano William James propôs em seu livro The Principles of Psychology (1890) - para muitos a obra mais significativa da literatura psicológica - uma nova abordagem mais centrada na função da mente humana do que na sua estrutura. Nessa época era a psicologia já uma ciência estabelecida e até 1900 já contava com mais de 40 laboratórios na América do Norte[3]

[editar] O estruturalismo


Em seu laboratório Wundt dedicou-se a criar uma base verdadeiramente científica para a nova ciência. Assim realizava experimentos para levantar dados sistemáticos e objetivos que poderiam ser replicados por outros pesquisadores. Para poder permanecer fiel a seu ideal científico, Wundt se dedicou principalmente ao estudo de reações simples a estímulos realizados sob condições controladas. Seu método de trabalho seria chamado de estruturalismo por Edward Titchener, que o divulgou nos Estados Unidos. Seu objeto de estudo era a estrutura consciente da mente e do comportamento, sobretudo as sensações. Um dos métodos usados por Titchener era a introspecção: nela o indivíduo explora sistematicamente seus próprios pensamentos e sensações a fim de ganhar informações sobre determinadas experiências sensoriais. A tônica do trabalho era assim antes compreender o que é a mente, do os como e porquês de seu funcionamento. As principais críticas levantadas contra o Estruturalismo foram:

  • O ser ele reducionista, ou seja, querer reduzir a complexidade da experiência humana a simples sensações;
  • O ser ele elementarista, ou seja, dedicar-se ao estudo de partes ou elementos ao invés de estudar estruturas mais complexas, como as que são típicas para o comportamento humano e
  • O ser ele mentalista, ou seja, basear-se somente em relatórios verbais, excluindo indivíduos incapazes de introspecção, como crianças e animais, do seu estudo. Além disso a introspecção foi alvo de muitos ataques por não ser um verdadeiro método científico objetivo[3].

[editar] Funcionalismo



William James concordava com Titchener quanto ao objeto da psicologia - os processos conscientes. Para ele, no entanto, o estudo desses processos não se limitava a uma descrição de elementos, conteúdos e estruturas. A mente consciente é, para ele, um constante fluxo, uma característica da mente em constante interação com o meio ambiente. Por isso sua atenção estava mais voltada para a função dos processos mentais conscientes. Na psicologia, a seu entender, deveria haver espaço para as emoções, a vontade, os valores, as experiências religiosas e místicas - enfim, tudo o que faz cada ser humano ser único. As idéias de James foram desenvolvidas por John Dewey, que dedicou-se sobretudo ao trabalho prático na educação[3].

[editar] Gestalt, a psicologia da forma



Uma importante reação ao funcionalismo e ao comportamentismo nascente (ver abaixo) foi a psicologia da gestalt ou da forma, representada por Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler. Principalmente dedicada ao estudo dos processos de percepção, essa corrente da psicologia defende que os fenômenos psíquicos só podem ser compreendidos, se forem vistos como um todo e não através da divisão em simples elementos perceptuais. A palavra gestalt significa "forma", "formato", "configuração" ou ainda "todo", "cerne". O gestaltismo assume assim o lema: "O todo é mais que a soma das suas partes"[3].

Distinta da psicologia da gestalt, escola de pesquisa de significado basicamente histórico fora da psicologia da percepção, é a gestalt-terapia, fundada por Frederic S. Perls (Fritz Perls).

[editar] O legado dos primórdios


Apesar de serem perspectivas já ultrapassadas, tanto o estruturalismo como o funcionalismo e a gestalt ajudaram a determinar o rumo que a psicologia posterior viria a tomar. Hoje em dia os psicólogos procuram compreender tanto as estruturas como a função do comportamento e dos processos mentais.

[editar] Perspectivas atuais


Segue uma descrição sucinta das principais correntes de pensamento que influenciam a moderna psicologia. Para maiores informações ver os artigos principais indicados e ainda psicoterapia.

[editar] A perspectiva biológica



Apesar do caduceu de Asclépio ser de apenas uma cobra para a Medicina, também é usado envolto em duas, o que é mais visto em áreas voltadas ao comércio. Enquanto símbolo da psicologia médica é usado juntamente com o emblema da psicologia, a letra grega "psi" = Ψ


A base do pensamento da perspectiva biológica é a busca das causas do comportamento no funcionamento dos genes, do cérebro e dos sistemas nervoso e endócrino. O comportamento e os processos mentais são assim compreendidos com base nas estruturas corporais e nos processos bioquímicos no corpo humano, de forma que esta corrente de pensamento se encontra muito próxima das áreas da genética, da neurociência e da neurologia e por isso está intimamente ligada ao importante debate sobre o papel da predisposição genética e do meio ambiente na formação da pessoa. Essa perspectiva dirige a atenção do pesquisador à base corporal de todo processo psíquico e contribui com conhecimento básico a respeito do funcionamento das funções psíquicas como pensamento, memória e percepção [3].

O processo saúde-doença merece uma atenção especial e pode ser compreendido de diferentes formas além do direcionado ao tratamento dos distúrbios mentais propriamente ditos. Inicialmente abordados pela psicopatologia, advinda da distinção progressiva do objeto da neurologia e psiquiatria e consolidação destas como especialidades médicas, a percepção da importância dos fatores emocionais no adoecimento e recuperação da saúde já estavam presentes na medicina hipocrática e homeopatia contudo foi somente nos meados do século XX que surgiram aplicações da psicologia nas intervenções atualmente denominadas por medicina psicossomática, psicologia médica, psicologia hospitalar e psicologia da saúde.[6]

[editar] Psicologia médica


[editar] A perspectiva psicodinâmica



Segundo a perspectiva psicodinâmica o comportamento é movido e motivado por uma série de forças internas, que buscam dissolver a tensão existente entre os instintos, as pulsões e as necessidades internas de um lado e as exigências sociais de outro. O objetivo do comportamento é assim a diminuição dessa tensão interna.

A perspectiva psicodinâmica teve sua origem nos trabalhos do médico vienense Sigmund Freud (1856-1939) com pacientes psiquiátricos, mas ele acreditava serem esses princípios válidos também para o comportamento normal. O modelo freudiano foi o primeiro a afirmar que a natureza humana não é sempre racional e que as ações podem ser motivadas por fatores não acessíveis à consciência. Além disso Freud dava muita importância à infância, como uma fase importantíssima na formação da personalidade. A teoria original de Freud, que foi posteriormente ampliada por vários autores mais recentes e influenciou fortemente muitas áreas da psicologia, tem sua origem não em experimentos científicos, mas na capacidade de observação de um homem criativo, inflamado pela idéia de descobrir os mistérios mais profundos do ser humano.[3].

[editar] A perspectiva comportamentista



A perspectiva comportamentista (ou comportamentalista) procura explicar o comportamento em relação aos estímulos do meio ambiente que o influenciam. A atenção do pesquisador é assim dirigida para as condições ambientais em que determinado indivíduo se encontra, para a reação desse indivíduo a essas condições (comportamento) e para as consequências que essa reação traz para ele (ver também condicionamento). O comportamentismo baseia-se sobretudo em experimentos feitos com animais, mas levou ao descobrimento de muitas técnicas que podem ser aplicáveis ao ser humano e foi uma das mais fortes influências tanto para a prática psicológica posterior, embora atue mais rapidamente que a psicanalise, ela não elabora e não soluciona problemas emocionais já que está centrada em moldar o comportamento, enquanto a terapia psicanalítica proposta por Freud tem como objetivo descobrir a causa de problemas sentimentais e corrigi-los.

[editar] A perspectiva humanista



Em reação às limitações das correntes comportamentista e psicodinâmica surgiu nos anos 50 do século XX a perspectiva humanista, que vê o homem não como um ser controlado tanto por pulsões interiores quanto pelo ambiente, mas ainda assim como um ser ativo, que busca seu próprio crescimento e desenvolvimento. A principal fonte de conhecimento do humanismo psicológico é o estudo biográfico, com o fim de descobrir como essa pessoa vivencia sua existência, ao contrário do comportamentismo, que dava mais valor à observação externa. A perspectiva humanista procura assim um acesso holístico para o ser humano, está intimamente relacionada à fenomenologia e exerceu grande influência sobre a psicoterapia[3].

[editar] A perspectiva cognitiva



A "virada cognitiva" foi uma reação às limitações do comportamentismo, que afirmava ser impossível estudar os processos mentais e se concentrava somente no comportamento. O foco central desta perspectiva é o pensar humano e todos os processos baseados no conhecimento - atenção, memória, compreensão, recordação, tomada de decisão, linguagem etc. Moldar o comportamento do paciente através, de recursos como da manipulação para ela se adequar a sociedade, assim, partindo do principio de que a sociedade é perfeita e um conflito do individuo com a sociedade é por culpa do individuo( ou literalmente aprender a viver em sociedade ). Uma das técnicas usadas na terapia cognitiva uma vez que se consegue a relação com o paciente é fazer com que o paciente relacione o fracasso da terapia com o abandono,assim fazendo com que o paciente como não quer o fracasso da terapia( instintivamente o medo de abandono é medo de ser abandonado pelos pais, que está indiretamente ligado ao medo da morte de acordo com Sigmund Freud ) faça o que o terapeuta quer. A perspectiva cognitiva se dedica assim à compreensão dos processos cognitivos que influenciam o comportamento - a capacidade do indivíduo de imaginar alternativas antes de se tomar uma decisão, de descobrir novos caminhos a partir de experiências passadas, de criar imagens mentais do mundo que o cerca - e à influência do comportamento sobre os processos cognitivos - como o modo de pensar se modifica de acordo com o comportamento e suas consequências. Típico desta perspectiva é o uso sistemático de técnicas terapeutas enquanto a terapia psicanalítica descrita por Freud.

[editar] A perspectiva evolucionista


A perspectiva evolucionista procura, inspirada pela teoria da evolução, explicar o desenvolvimento do comportamento e das capacidades mentais como parte da adaptação humana ao meio ambiente. Por recorrer a acontecimentos ocorridos há milhões de anos, os psicólogos evolucionistas não podem realizar experimentos para comprovar suas teorias, mas contam somente com sua capacidade de observação e com o conhecimento adquirido por outras disciplinas como a antropologia e a arqueologia[3].

[editar] A perspectiva sociocultural


Já em 1927 o antropólogo Bronislaw Malinowski criticava a psicologia - na época a psicanálise de Freud - por ser centrada na cultura ocidental. Essa preocupação de expandir sua compreensão do homem além dos horizontes de uma determinada cultura é o cerne da perspectiva sociocultural. A pergunta central aqui é: em que se assemelham pessoas de diferentes culturas quanto ao comportamento e aos processos mentais, em que se diferenciam? São válidos os conhecimentos psicológicos em outras culturas? Essa perspectiva também leva a psicologia a observar diferenças entre subculturas de uma mesma área cultural e sublinha a importância da cultura na formação da personalidade[3].

[editar] A perspectiva biopsicossocial e a multidisciplinaridade


A enorme quantidade de perspectivas e de campos de pesquisa psicológicos corresponde à enorme complexidade do ser humano. O fato de diferentes escolas coexistirem e se completarem mutuamente demonstra que o homem pode e deve ser estudado, observado, compreendido sob diferentes aspectos. Essa realidade toma forma no modelo biopsicossocial, que serve de base para todo o trabalho psicológico, desde a pesquisa mais básica até a prática psicoterapêutica. Esse modelo afirma que o comportamento e os processos mentais humanos são gerados e influenciados por três grupos de fatores:

  • Fatores biológicos - como a predisposição genética e os processos de mutação que determinam o desenvolvimento corporal em geral e do sistema nervoso em particular, etc.;
  • Fatores psicológicos - como preferências, expectativas e medos, reações emocionais, processos cognitivos e interpretação das percepções, etc.;
  • Fatores socioculturais - como a presença de outras pessoas, expectativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo familiar, de amigos, etc., modelos de papéis sociais, etc.[7]

Para ser capaz de ver o homem sob tantos e tão distintos aspectos a psicologia se vê na necessidade de complementar seu conhecimento com o saber de outras ciências e áreas do conhecimento. Assim, na parte da pesquisa teórica, a psicologia se encontra (ou deveria se encontrar) em constante contato com a fisiologia, a biologia, a etologia, a neurologia e às neurociências (ligadas aos fatores biológicos) e à antropologia, à sociologia, à etnologia, à história, à arqueologia, à filosofia, à metafísica, à linguística à informática, à teologia e muitas outras ligadas aos fatores socioculturais.

No trabalho prático a necessidade de interdisciplinaridade não é menor. O psicólogo, de acordo com a área de trabalho, trabalha sempre em equipes com os mais diferentes grupos profissionais: assistentes sociais e terapeutas ocupacionais; funcionários do sistema jurídico; médicos, enfermeiros e outros agentes de saúde; pedagogos; fisioterapeutas, fonoaudiólogos e muitos outros - e muitas vezes as diferentes áreas trazem à tona novos aspectos a serem considerados. Um importante exemplo desse trabalho interdisciplinar são os comitês de Bioética, formados por diferentes profissionais - psicólogos, médicos, enfermeiros, advogados, fisioterapeutas, físicos, teólogos, pedagogos, farmacêuticos, engenheiros, terapeutas ocupacionais e pessoas da comunidade onde o comitê está inserido, e que têm por função decidir aspectos importantes sobre pesquisa e tratamento médico, psicológico, entre outros.

[editar] Crítica


[editar] O status científico


A psicologia é frequentemente criticada pelo seu caráter "confuso" ou "impalpável". O filósofo Thomas Kuhn afirmou em 1962 que a psicologia em geral estava em um estágio "pré-paradigmático" por lhe faltar uma teoria de base unanimemente aceita, como é o caso em outras ciências mais maduras como a física e a química.

Por grande parte da pesquisa psicológica ser baseada em entrevistas e questionários e seus resultados terem assim um caráter correlativo que não permite explicações causais, alguns críticos a acusam de não ser científica. Além disso muitos dos fenômenos estudados pela psicologia, como personalidade, pensamento e emoção, não podem ser medidos diretamente e devem ser estudados com o auxílio de relatórios subjetivos, o que pode ser problemático de um ponto de vista metodológico.

Erros e abusos de testes estatísticos foram sobretudo apontados em trabalhos de psicólogos sem um conhecimento aprofundado em psicologia experimental e em estatística. Muitos psicólogos confundem significância estatística (ou seja, uma probabilidade maior do que 95% de o resultado obtido não ser fruto do acaso, mas corresponder à realidade empírica) com importância prática. No entanto a obtenção de significados estatisticamente significante mas na prática irrelevantes é um fenômeno comum em estudos envolvendo um grande número de pessoas.[8] Em resposta muitos pesquisadores começaram a fazer uso do "tamanho do efeito" estatístico (effect size) como massa de medida da relevância prática.

Muitas vezes os debates críticos ocorrem dentro da própria psicologia, por exemplo entre os psicólogos experimentais e os psicoterapeutas. Desde há alguns anos tem aumentado a discussão a respeito do funcionamento de determinadas técnicas psicoterapêuticas e da importância de tais técnicas serem avaliadas com métodos objetivos.[9] Algumas técnicas psicoterapêuticas são acusadas de se basearem em teorias sem fundamento empírico. Por outro lado muito tem sido investido nos últimos anos na avaliação das técnicas psicoterapêuticas e muitas pesquisas, apesar de também elas terem alguns problemas metodológicos, mostram que as psicoterapias das escolas psicológicas tradicionais (mainstream), isto é, das escolas mencionadas mais acima neste artigo, são efetivas no tratamento dos transtornos psíquicos.

[editar] Terapias "alternativas" não psicológicas


Um dos maiores problemas relacionados à distância que separa a teoria científica da psicologia e sua prática terapêutica é a multiplicação indiscriminada do números de "terapias alternativas" que se vê atualmente, muitas das quais baseadas em princípios de origem duvidosa e não pesquisados. Muitos autores[10] já haviam apontado o grande crescimento no número de tratamentos e terapias realizados sem treinamento adequado e sem uma avaliação científica séria. Lilienfeld (2002) constata com preocupação que "uma grande variedade de métodos psicoterapêuticos de funcionamento duvidoso e por vezes mesmo danosos - incluindo "comunicação facilitada" para o autismo infantil, técnicas sugestivas para recuperação da memória, (ex. regressão etária hipnótica, trabalhos com a imaginação), terapias energéticas e terapias new-age de todos os tipos possíveis (ex. rebirthing, reparenting, regressão de vidas passadas, terapia do grito original, programação neurolinguística, terapia por abdução alienígena) surgiram ou mantiveram sua popularidade nas últimas décadas."[11] Allen Neuringer (1984) fez críticas semelhantes partindo da análise experimental do comportamento.[12]

[editar] Especializações


1. Psicologia internacional 2. Adicções 3. Psicologia dos Esportes e dos exercícios 4. Psicologia da família 5. Psicologia jurídica 6. Neuropsicologia 7. Psicologia da saúde 8. Psicologia da religião 9. Psicologia militar 10. Psicologia dos desastres 11. Psicologia da mulher 12. Hipnose psicológica 13. Psicoterapia (diversas) 14. Psicofarmacologia e abuso de substâncias químicas 15. Psicologia comunitária 16. Psicologia do consumidor 17. Psicologia institucional 18. Psicologia da reabilitação 19. Engenharia psicológica (ergonomia) 20. Aconselhamento psicológico 21. Plantão psicológico 22. Psicologia do trabalho 23. Psicologia hospitalar 24. Psicologia escolar 25. Psicologia do trânsito 26. Psicologia do desenvolvimento 27. Psicologia e arte 28. Psicologia social 29. Psicodiagnósticos 30. Psicologia Educacional 31. Pedagogia Terapêutica

[editar] Ver também


Referências

  1. "Psychologie ist die Wissenschaft vom Verhalten (alles, was ein Organismus macht) und von den mentalen Prozessen (subjektive Erfahrungen, die wir aus dem Verhalten erschließen)". Myers (2008), p.8.
  2. Asendorpf (2004), p.2
  3. a b c d e f g h i j k Zimbardo & Gerrig (2004), p.3-5; 5-8; 10-17.
  4. Luria, 1979
  5. "Die Psychologie besitzt eine lange Vergangenheit aber nur eine kurze Geschichte". Citado por Zimbardo & Gerrig (2004), p. 10.
  6. Gorayeb, Ricardo; Guerrelhas, Fabiana. Sistematização da prática psicológica em ambientes médicos. Rev. bras.ter. comport. cogn. v.5 n.1 São Paulo jun. 2003 Disponível em pdf. Dez. 2010
  7. Myers (2008), p.11-12
  8. Cohen, J. (1994). The Earth is round, p.05. American Psychologist, 49.
  9. Elliot, Robert. (1998). Editor's Introduction: A Guide to the Empirically Supported Treatments Controversy. Psychotherapy Research, 8(2), 115.
  10. Beyerstein, B. L. (2001). Fringe psychotherapies: The public at risk. The Scientific Re-view of Alternative Medicine, 5, 70–79
  11. "A wide variety of unvalidated and sometimes harmful psychotherapeutic methods, including facilitated communication for infantile autism (…), suggestive techniques for memory recovery (e.g., hypnotic age-regression, guided imagery, body work), energy therapies (e.g., Thought Field Therapy, Emotional Freedom Technique…), and New Age therapies of seemingly endless stripes (e.g., rebirthing, reparenting, past-life regression, Primal Scream therapy, neurolinguistic programming, alien abduction therapy, angel therapy) have either emerged or maintained their popularity in recent decades." SRMHP: Our Raison d’Être. Página visitada em 2009-09-16.
  12. Neuringer, A.:"Melioration and Self-Experimentation" Journal of the Experimental Analysis of Behavior http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=1348111

[editar] Bibliografia

  • Asendorpf, Jens B. (2004). Psychologie der Persönlichkeit (3. Aufl.). Berlin: Springer. ISBN 978-3-540-71684-6
  • Myers, David G. (2008). Psychologie. Heidelberg: Springer. ISBN 978-3-540-79032-7 (Original: Myers (2007). Psychology, 8th Ed. New York: Worth Publishers.)
  • Zimbardo, Philip G. & Gerrig, Richard J. (2005). A psicologia e a vida. Artmed. ISBN 85-363-0311-5 (No artigo citado do alemãõ (2004)Psychologie. München: Pearson. ISBN 3-8273-7056-6; Original: (2002). Psychology and Life. Boston: Allyn and Bacon.)

[editar] Ligações externas

FONTE:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia

ARTIGOS


  1. Autocontrole: você pode ter???

    Tratado geralmente como uma características das pessoas, no sentido de que alguns têm e outros não, a análise do comportamento tem proposto explicar fenômenos como este a partir das relações entre o ambiente e o organismo. Preparados para mudarem sua forma de ver o autocontrole?
    Primeiramente, uma concepção internalista trata o autocontrole como derivado de traços de personalidade, de características inatas e de forças interiores. Argumentos à parte, tais concepções facilmente sucumbiriam a indagações tais como “por que as pessoas demonstram diferentes níveis de autocontrole em diferentes situações?”, “por que uma pessoa tem mais autocontrole em uma fase da vida e menos em outra?” e “por que as crianças são mais impulsivas que os adultos?”. São perguntas que enfraquecem o argumento de que o autocontrole pode ser determinado por um eu iniciador localizado no interior do sujeito.
    A partir daí, podemos começar a buscar uma explicação externalista, ou seja, que parte da análise da interação entre resposta e ambiente para caracterizar o autocontrole. O primeiro passo para uma definição operacional do autocontrole é delimitar o que se pretende estudar. Os analistas do comportamento propõem que o autocontrole trata-se da escolha por um reforçador de maior magnitude com maior atraso atrasado em detrimento da escolha por um reforçador de menor magnitude e com menor atraso. A imagem abaixo ilustra esta definição:
    autocontrole
    Como podemos ver, o autocontrole é a preferência por uma recompensa maior que ocorrerá no futuro, ao invés de uma recompensa menor que está disponível no presente. Esta definição parece útil, pois retrata bem o que pode ser entendido como autocontrole no cotidiano. Por exemplo, eu digo que tenho autocontrole quando resisto a um belo pedaço de bolo de chocolate. Em outras palavras, estou optando por ser paquerado na praia durante o verão e talvez até arrumar um casamento (um reforçador de maior magnitude e mais atrasado), ao invés de comer um pedaço de bolo que logo será esquecido (um reforçador menor e imediato).
    Porém, em que condições alguém escolhe a alternativa de autocontrole ao invés da alternativa de impulsividade? Os analistas experimentais tentaram responder a esta pergunta e encontraram resultados interessantes.
    O primeiro deles vem das pesquisas sobre a escolha de compromisso. Nestas pesquisas, um sujeito (pombo, rato, criança etc.) poderia optar por uma contingência em que escolheria entre um reforçador menor e imediato ou um reforçador maior e mais atrasado (em geral o reforçador era tempo de acesso a alimento); ou por outra contingência em que somente poderia ter acesso ao reforçador maior e mais atrasado (chamada elo de compromisso). Os resultados demonstram que os sujeitos preferem a primeira contingência e acessam ao reforçador menor e imediato quando o intervalo entre a escolha desta contingência e o acesso ao alimento é pequeno; porém os sujeitos preferem apenas o elo de compromisso – aquela contingência que só permite acesso ao reforçador maior e mais atrasado – quando há um intervalo maior entre a escolha das contingências e o acesso aos reforçadores. É como se os sujeitos dissessem “já que eu tenho que esperar mesmo, então vou esperar só pelo que vale a pena”. Outro resultado interessante é que os participantes escolhem a contingência que não os permitem “cair na tentação” de optar pela impulsividade.
    Um fenômeno observado a partir dos estudos de autocontrole é a inversão de preferência. Os pesquisadores demonstraram que a magnitude do reforçador estabelece um determinado intervalo de tempo em que aquele reforçador controla a resposta que o produz. Ou seja, um reforçador de maior magnitude pode controlar uma resposta mesmo estando mais distante no tempo, ao passo que um reforçador menor somente pode controlar uma resposta mais imediata. Assim, os reforçadores disponíveis no ambiente poderiam concorrer pela resposta, sendo que a distancia temporal determinaria a escolha. Tentarei explicar melhor a partir da figura abaixo:
    maria

    Suponhamos que a moça rosa seja Maria, que tem diante de si a possibilidade de escolher entre dois reforçadores: um carro ou algumas guloseimas. O custo implicado em comprar um carro é maior que aquele implicado em comprar guloseimas, mas estão relacionados – então se Maria sempre comprar doces, dificilmente conseguirá comprar seu carro. Porém, o fato é que o carro é um reforçador de maior magnitude (GM) e controla o comportamento de Maria mesmo distante no tempo (linha amarela). Já as guloseimas são reforçadores menores (Gm) e só controlam o comportamento de Maria quando estão disponíveis imediatamente (linha verde). O fenômeno da inversão de preferência prevê, então, que Maria se comportará para comprar o seu carro mesmo muito antes de ir à concessionária (ponto x), poupando dinheiro por exemplo. Porém, quando Maria estiver passeando no shopping e ver uma loja com muitas guloseimas (ponto y), é muito provável que ela torre o dinheiro e compre suas balas prediletas. O ponto i da figura indica o momento em que Maria tende tanto a poupar como a torrar; é quando Maria fica confusa e seu comportamento é imprevisível.
    A contribuição aplicada da análise do comportamento mais proeminente é a proposição de um procedimento que pode gerar a escolha pelo autocontrole em sujeitos que não demonstrem este repertório. O procedimento básico consiste em apresentar um reforçador de maior magnitude e um outro reforçador de menor magnitude simultaneamente, sendo que o sujeito pode escolher livremente entre ambos reforçadores. Uma vez observada a preferência pelo reforçador de maior magnitude, deve-se aumentar o intervalo de tempo ou o custo de resposta necessário para produzir o reforçador de maior magnitude. Este aumente deve ser realizado segundo um procedimento conhecido como esvanecimento aditivo, que é caracterizado pelo aumento gradual no intervalo ou no custo da resposta. Um exemplo é oferecer uma intervenção a crianças com TDAH que consista na apresentação de um prêmio maior e outro menor pela resolução de duas contas de matemática com nível de dificuldade semelhante. A partir do momento que a criança começar a preferir aquela conta que permite acesso ao reforçador de maior de magnitude, o terapeuta pode aumentar gradualmente a dificuldade dos problemas correlacionados ao reforço maior e manter o mesmo nível de dificuldade para aquele problema que permite acesso ao reforçador de menor magnitude. Em geral os resultados deste tipo de intervenção demonstram preferência pelos problemas de maior dificuldade em comparação ao repertório apresentado pela criança antes da intervenção.
     estudando
    Então, como você vê o autocontrole agora? Se antes este só poderia ser entendido como uma aptidão inata, agora você pode contar com a compreensão analítico-comportamental deste complexo fenômeno estudado pela psicologia. E se você não sabia responder à pergunta-título desta publicação, o que me diria agora?

    Texto base: Hanna, E. S. & Ribeiro, M. R. (2005). Autocontrole: um caso especial de comportamento de escolha. Em: J. Abreu-Rodrigues & M. R. Ribeiro. Análise do comportamento: teoria, pesquisa e aplicação. Porto Alegre: Artmed.
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